sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Des.

De onde vem o desentendimento, hein?
É de uma cor tão estranha. Cor não. Não tem cor, nem forma. É completamente desprovido de alma e de beleza. Nem feiúra tem. É feito um vírus sem cura. É uma Aids que mata amigo, que mata amor, que matou o Caio. Eu acho desentendimento pior do que arma.
Porque arma nem sempre dispara.
E desentendimento não só dispara como acerta. 
E sempre erra. É sempre erro.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Rhine.

Hoje eu chorei tanto. No começo tinha dor também, depois só beleza. 
Eu chorei por mim, chorei por você também. 
Eu chorei pelas minhas engolidas todas.
Eu chorei pelos meus transbordamentos, pelos rios que secam, pelas chuvas que matam, chorei pela sede, pela fome, pelo frio, pelo parto, pelas peles. 
Pelos pelos amor sexo gozo choro.
Chorei pelo choro.

Hoje eu chorei tanto. 

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Acredito sim, acredito muito.

Gente, eu voltei.
Não sei se pra ficar, não sei se pra vocês.
Sei que vim de um lugar e que ele desmoronou. 
Soprei o restinho de pó, dei leves tapinhas pela minha roupa para fazer pular o que me agarrava. Ainda.

Ainda, sabe?
Sei que sim.

Pois é nesse ainda onde você está. Aí ó.
Bem do lado de cá.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Rio de agosto.


Me sinto na saidera. Aquele momento último, aquele momento antes do próximo, aquele momento que aguardo.
Tô mais lá que cá. Tomo lá.
Cada mão levada até o copo é um suspiro bom, e se chama tempo.
Hoje queria levar um caldo do passado, queria que ele viesse e engolisse meses, muitos meses.
Quero uma grande ressaca, uma maré cheia, um naufrágio.
Quero me sentir em outra cama, em outro chão, em outra mão.

Hoje, meu amor, eu quero você.
Hoje, meu amor, você está na beira do mar. 
Hoje, meu amor, darei um jeito de chegar.

Esperar, esperar, esperar.



quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ao em vez.

Não seguimos, voltamos.
Não calamos, gritamos.
E nesse meio tempo o ar preso fica.
E solto vai.

Rimos do que é dor.
Choramos do que é amor.

Detalhamos sono.
Escondemos desejos.

E reatamos, diariamente.

Com o mundo, com  o ego e com o imundo do prego.

E não há superfície que cicatrize.
Martelada fere o vértice de uma crise.

Tem muita vida nesse pedaço.
E eu não passo.

domingo, 14 de junho de 2009

Vou à.

Finalmente recebia alta. E dessa vez não estava no chão, nem com os pés no chão.
Ela recebia alta no alto. 

Quente na barriga, joelhos nas tremedeiras, tudo aquilo sentido lindo e torto.
Sentido lindo e torto.


Correu no ar, sem parar. Continua.
Lá, você a encontrará.
E há vida. Duas.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O anjo do muro.

Lá, ninguém fica em cima.
Os protegidos são os que escolhem.
Ou os que são escolhidos.

Feito folha seca,
que cai ou cai.

domingo, 24 de maio de 2009

Alta.

Nada falta. Nada falta. Nada falta. Nada falta. Nada falta. Nada falta.
Só a falta que me falta.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Haha!

Tô tão feliz que escreveria AGORA um livro bem brega de auto-ajuda.
Ajudaria esse planeta, ajudaria até Júpiter. Você não tá entendendo!
Sabe aquelezinho de bem com a vida?
Hoje eu sou   a q u e l e z i n h o.
Mas nada aqui merece diminutivo.
Hoje eu faria QUALQUER pessoa feliz. Tenho certeza.

Porque estou me fazendo, e eu venho estando difícil de agradar.
Eu tô gerundiando e CONTINUO feliz.

Sério, corre. Vem pra cá, vem?

Minha memória é fraca, não vai dar tempo de escrever um livro, e eu sou mulher.
Já já tudo muda. E se for pra melhor, eu morro.



domingo, 17 de maio de 2009

Precipício.


Vontade doce de chorar. Doce e corrosiva.
Até no pé sinto que engulo. E engulo, engulo, engulo.
Engulo seco. Oco. Soco. Toco. Pouco, pouco, pouco.
Muitos pedaços de vida, só pedaços. Não cabe nada inteiro, agora.
Talvez porque não exista esse tal inteiro.
Talvez porque tudo necessite crescer um pouco mais.
Feito as nossas coragens, sempre mal desenhadas.
Saltos de cachueira - quase caimos da pedra por quase desistirmos.

Feito a vida dentro de um quarto - quase voamos do chão por quase escolhermos.

O quase paralisa até o vento, guerreiro complacente. 
E paralisa você. Deliberadamente.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Era.do.


Era como uma música de 43 minutos.
Rara.
Era como um ré depois da dó.
Quando ir pra frente é longe demais.
E a vontade de cantar, antes contava com a voz. Hoje, com a falta de ar.

sábado, 9 de maio de 2009

Mãomolenga.

Impossível perceber o quão importante você foi.
Essa importância vem com passos curtos. Vem com passos que nem passos são.
São uns espasmos de caminhada. Umas tentativas de sair dessa inércia que petrifica tudo.

O gosto vezenquando surge na boca. Não adianta mais.

Ou eu vivo, ou deixo o gosto ficar.

Agora, nesse agora, eu queria saber você. Correr e te encontrar num campo bonito. 
Sem formiga, sem cupim, sem muriçoca.
Queria segurar sua mão e ser levada pra passear.
E tirar cada carrapicho de dor desse seu lado de dentro.

Um dia eu te faço ler isso.

Num vem nuvem.


Se a preguiça fosse  azul, meu quarto seria o céu de hoje.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Dê longa.

Algumas coisas demoram a acontecer. Damos espaços duplos. Suspiros sem ar, delongas e delongas e delongas/


Tiro o colete para escrever mais depressa. Diminuo o barulho das teclas para acordar menos. Eu, você, nós somos despertadores. Demora uma longa vida para percebermos. Talvez mais

(Fecha drama).


Canso de repente/ O olho fecha na pista/ vem carro/tem sinal/tem gente/

é como se eu não fosse colidir.

O que colidi?

As pessoas me invadem.

Até quando ignoram.


Falta vitalidade. O outro puxa a transmutação.

Tá todo mundo querendo mudar.

Até o novo.


E eu tô querendo aceitar. Até o velho.


Vida:


Rascunho salvo automaticamente.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Começa com P.

Na tropicália dos meu versos
me defendo
ou me confesso.
 O azul sai apagado
O vermelho, manifesto
O verde briga com o alaranjado
E o branco escurece maltratado
O que deveria ser somado
é dividido
e o que deveria ser sentido
é entendido.
Vira preto a cor do aviso

 e eu, sem siso.

Âmbar.

Ela pediu para ler as letras. Rápido chegou o amargo na boca.
Engoli, engoli mais uma vez.
O amargo tinha outro nome.
Há tempos andava nomeando mal. Muito mal.
O amargo se chamava nudez.
E isso eu não podia engolir.

Apaguei a luz - deixando tudo aceso - e dei a ela a chave do meu morro iluminado.
A última peça de roupa caia no chão. E eu, de olhos fechados, deixava as mãos distantes do corpo pra não ouvir o que ele falava.

A pele, às vezes, é um domínio mal visitado.

domingo, 3 de maio de 2009

Ré seca.

Venha. O caminho é todo livre. Corra pra chegar mais depressa. Venha antes do dia mudar. 

Te sugarei. Te chuparei. Te comerei. Sem precisar usar o corpo. Tudo meio limpo demais, tudo imundo. Nada mundano.

Serei o sexo que você não vê.

Eu serei um roxo no seu pescoço. Aquele que não sai.

Venha que a hora é agora. Já já me canso dos seus cacoetes, das suas flores, dos seus limites e amores.

Corre antes que eu te defina, que eu me reprima, que eu crie nojo.

Me beije antes da náusea, me beije no bom da embriaguez. Entorpeça-me. Completamente.

 

Porque a ressaca é inevitável. E eu quero não acordar.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Com forte.

Eu não sinto mais vontade de sair de casa. Não é tristeza, muito menos medo. Tem sido confortável demais ficar aqui. Chego em casa e logo tiro a roupa da rua, lavo meu corpo, lavo meus olhos, várias vezes. Outras várias. Escolho uma boa música, toco-me. Não é carinho safado. É carinho carinhoso mesmo. Confiro a falta de soutien. A presença de peitos. Respiro fundo, fecho os olhos. Amo-me. Amo ser mulher, amo ter vinte e um anos. Amo ter esse teto que não me tapa. Vivi por muito tempo lacrada. Agora que percebi o quanto é bom voar, escolho as fechaduras. Nenhuma interrompe, nem escurece. E aqui, do lado de dentro, existem léguas e léguas boas de percorrer.
Aqui tudo cabe.

Esse blog era um pêlo pubiano encravado.

Tinha que sair.

segunda-feira, 27 de abril de 2009