quinta-feira, 28 de maio de 2009

O anjo do muro.

Lá, ninguém fica em cima.
Os protegidos são os que escolhem.
Ou os que são escolhidos.

Feito folha seca,
que cai ou cai.

domingo, 24 de maio de 2009

Alta.

Nada falta. Nada falta. Nada falta. Nada falta. Nada falta. Nada falta.
Só a falta que me falta.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Haha!

Tô tão feliz que escreveria AGORA um livro bem brega de auto-ajuda.
Ajudaria esse planeta, ajudaria até Júpiter. Você não tá entendendo!
Sabe aquelezinho de bem com a vida?
Hoje eu sou   a q u e l e z i n h o.
Mas nada aqui merece diminutivo.
Hoje eu faria QUALQUER pessoa feliz. Tenho certeza.

Porque estou me fazendo, e eu venho estando difícil de agradar.
Eu tô gerundiando e CONTINUO feliz.

Sério, corre. Vem pra cá, vem?

Minha memória é fraca, não vai dar tempo de escrever um livro, e eu sou mulher.
Já já tudo muda. E se for pra melhor, eu morro.



domingo, 17 de maio de 2009

Precipício.


Vontade doce de chorar. Doce e corrosiva.
Até no pé sinto que engulo. E engulo, engulo, engulo.
Engulo seco. Oco. Soco. Toco. Pouco, pouco, pouco.
Muitos pedaços de vida, só pedaços. Não cabe nada inteiro, agora.
Talvez porque não exista esse tal inteiro.
Talvez porque tudo necessite crescer um pouco mais.
Feito as nossas coragens, sempre mal desenhadas.
Saltos de cachueira - quase caimos da pedra por quase desistirmos.

Feito a vida dentro de um quarto - quase voamos do chão por quase escolhermos.

O quase paralisa até o vento, guerreiro complacente. 
E paralisa você. Deliberadamente.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Era.do.


Era como uma música de 43 minutos.
Rara.
Era como um ré depois da dó.
Quando ir pra frente é longe demais.
E a vontade de cantar, antes contava com a voz. Hoje, com a falta de ar.

sábado, 9 de maio de 2009

Mãomolenga.

Impossível perceber o quão importante você foi.
Essa importância vem com passos curtos. Vem com passos que nem passos são.
São uns espasmos de caminhada. Umas tentativas de sair dessa inércia que petrifica tudo.

O gosto vezenquando surge na boca. Não adianta mais.

Ou eu vivo, ou deixo o gosto ficar.

Agora, nesse agora, eu queria saber você. Correr e te encontrar num campo bonito. 
Sem formiga, sem cupim, sem muriçoca.
Queria segurar sua mão e ser levada pra passear.
E tirar cada carrapicho de dor desse seu lado de dentro.

Um dia eu te faço ler isso.

Num vem nuvem.


Se a preguiça fosse  azul, meu quarto seria o céu de hoje.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Dê longa.

Algumas coisas demoram a acontecer. Damos espaços duplos. Suspiros sem ar, delongas e delongas e delongas/


Tiro o colete para escrever mais depressa. Diminuo o barulho das teclas para acordar menos. Eu, você, nós somos despertadores. Demora uma longa vida para percebermos. Talvez mais

(Fecha drama).


Canso de repente/ O olho fecha na pista/ vem carro/tem sinal/tem gente/

é como se eu não fosse colidir.

O que colidi?

As pessoas me invadem.

Até quando ignoram.


Falta vitalidade. O outro puxa a transmutação.

Tá todo mundo querendo mudar.

Até o novo.


E eu tô querendo aceitar. Até o velho.


Vida:


Rascunho salvo automaticamente.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Começa com P.

Na tropicália dos meu versos
me defendo
ou me confesso.
 O azul sai apagado
O vermelho, manifesto
O verde briga com o alaranjado
E o branco escurece maltratado
O que deveria ser somado
é dividido
e o que deveria ser sentido
é entendido.
Vira preto a cor do aviso

 e eu, sem siso.

Âmbar.

Ela pediu para ler as letras. Rápido chegou o amargo na boca.
Engoli, engoli mais uma vez.
O amargo tinha outro nome.
Há tempos andava nomeando mal. Muito mal.
O amargo se chamava nudez.
E isso eu não podia engolir.

Apaguei a luz - deixando tudo aceso - e dei a ela a chave do meu morro iluminado.
A última peça de roupa caia no chão. E eu, de olhos fechados, deixava as mãos distantes do corpo pra não ouvir o que ele falava.

A pele, às vezes, é um domínio mal visitado.

domingo, 3 de maio de 2009

Ré seca.

Venha. O caminho é todo livre. Corra pra chegar mais depressa. Venha antes do dia mudar. 

Te sugarei. Te chuparei. Te comerei. Sem precisar usar o corpo. Tudo meio limpo demais, tudo imundo. Nada mundano.

Serei o sexo que você não vê.

Eu serei um roxo no seu pescoço. Aquele que não sai.

Venha que a hora é agora. Já já me canso dos seus cacoetes, das suas flores, dos seus limites e amores.

Corre antes que eu te defina, que eu me reprima, que eu crie nojo.

Me beije antes da náusea, me beije no bom da embriaguez. Entorpeça-me. Completamente.

 

Porque a ressaca é inevitável. E eu quero não acordar.